sexta-feira, 27 de maio de 2011

Reconquisata Cristã da Península Ibérica

Mouros vs. Cristãos
Las Navas de Tolosa
O ataque de um grupo de fundamentalistas islâmicos a prédios norte-americanos em Nova York e Washington, ocorrido em 11 de setembro de 2001, faz parte de um desacerto entre mouros e cristãos que se arrasta por séculos. Tal como hoje ocorre, quando os Estados Unidos esforçam-se por congregar uma vasta coalizão de países ocidentais, há oito séculos os reis cristãos da Península Ibérica também o fizeram. Para enfrentar a ameaça islâmica, os monarcas de Castela, de Aragão e de Navarra apelaram para que gente da Europa inteira, atendendo à cruzada, os socorresse para repelir a ofensiva dos seguidores do Profeta. O resultado foi a batalha de Las Navas de Tolosa, de 1212.

"O pan-islamismo é uma assombração. A Europa vitoriosa vê em todas as tentativas de resistência ao seu domínio como resultante de uma atividade perversa, um complô sinistro...de métodos de traição, cruéis, sanguinários."

Maxime Rodinson - La fascination de l´Islam, 1980


"Os mouros às portas!"


Cid, el campeador, o lendário cavaleiro cristão

A notícia da queda do castelo de Salvaterra, próximo a Toledo, nas mãos dos mouros, ocorrida em setembro de 1211, estremeceu a Espanha cristã. Se bem que os vencedores permitiram a retirada dos cavaleiros da Ordem de Calatrava para que recuassem para Castela, em todos acometeu o medo de que os árabes e os berberes estavam novamente "às portas". De imediato, os reis cristãos da Península Ibérica entenderam que tinham que suspender, ainda que por um tempo, suas intermináveis querelas de fronteira. Era hora de união, não de desacerto. Quem tomou de imediato os providenciamentos foi Afonso VIII de Castela, despachando para Roma o arcebispo Ximenes de Rada, Primaz da Igreja espanhola, para que arrancasse do papa Inocêncio II uma bula conclamando uma cruzada. De posse de uma carta apostólica, Ximenes de Rada pôs o pé na estrada, anunciando pela Itália, norte da França e mesmo na Alemanha, que a gente do Profeta, se batesse os espanhóis, iria inundar a Europa inteira.


O califa e a Espanha moura
A Alhambra de Granada

Sabia-se que o califa Miramamolin (Abu Muhammad al-Nasir) atravessara o estreito, vindo de Marraquesh, trazendo consigo levas de cavaleiros almôadas e arqueiros turcos, além dos regimentos de berberes montados em cavalos fogosos, todos bons de briga. O que eles chamavam de al-Andaluz, a parte islâmica da Espanha, encontrava-se dividida em cinco emirados (Málaga, Sevilha, Valência, Badajoz-Lusitânia e Toledo) que volta e meia se socorriam de tropas africanas, como agora faziam com as comandadas por Miramamolin. "Cruzada! Cruzada!" Ouvia-se por toda a parte. Uma outra bula foi anunciada em fevereiro de 1212, prometendo ao cristão que se apresentasse para lutar contra os mouros a "remissão dos pecados", enquanto uma complementar excomungava quem atrapalhasse o rei de Castela no seu esforço em deter o Islão. Vindo das regiões mais diversas, milhares de cavaleiros começaram a concentrar-se em Toledo. Eram lusitanos, navarros, catalãos, aragoneses, galegos, asturianos e, claro, predominando, os castelhanos. A eles juntaram-se ainda os guerreiros hospitalários e templários, além dos da Ordem de Santiago e de Calatrava, e tantos mais que vinham da França, da Alemanha. Eram uns 70 mil no total.


Os reis cristãos e seus campeões

reprodução
Cristão atacam mouros
À frente daquele poderoso exército, marchavam os reis Afonso VIII de Castela, Sancho II de Navarra e Pedro II de Aragão, seguidos dos campeões, tais como Lópes de Haro e Garcia Romero, cujas espadas, antes, haviam sido afiadas nos escudos e nos ossos dos mouros, em combates memoráveis. Agrupados em três grandes colunas, puseram-se em marcha para achar o califa. Ao verem que os mouros bloqueavam o Passo do Muradal, na província de Jaen, descobriram uma passagem nas montanhas que lhes permitiu alcançar a planície de Las Navas de Tolosa.


reprodução
O signo de Cristo espanta os mouros
Estimavam que o califa tinha uns 100 mil homens. Pouco lhe serviu. Depois de um primeiro choque, na manhã do dia 16 de julho de 1212, os cristãos tomados de fúria sagrada concentraram-se a destruir as forças de elite de Miramamolin. Foi um deus-nos-acuda. Os cavalões encouraçados e as enormes espadas dos cruzados fizeram um estrago medonho. Um alferes castelhano, dom Sancho de Reinoso, chegou a ver pairando no céu a Cruz. Era o toque final, o sinal sublime que faltava para que cada braço cristão se tornasse uma máquina de pancadas, de martelaços e adagaços.

A batalha e a derrota dos mouros

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O pavilhão do derrotado califa al-Nasir
Os mouros recuaram e em seguida fugiram. Dom Fernando, o infante castelhano, assaltou a tenda de al-Nasir, trespassando com a lâmina os últimos guardiães. Na planícies, jogados, estavam os feridos, milhares deles, implorando misericórdia. As montarias dos cruzados, nervosas, com as patas afundadas no pó ensangüentado, passavam por cima de tudo. Alguns dos mouros caídos talvez recordassem, naqueles momentos derradeiros, quando a vida se lhes esvaia, dos versos de Antera Saddad (525-615) que diziam "Lembrei-me de ti quando as lanças me feriram e dos brancos sabres gotejava o meu sangue. Quis beijá-los porque brilhavam como a tua sorridente boca". No chão, amarrotada, uma bandeira do califa, que depois foi remetida ao papa. A batalha se encerrara. A Cruz batera o Crescente. Vingaram-se os cristãos do acordo que outros reis foram obrigados a aceitar, vinte anos antes, em 1192, quando Saladino continuou ficando com Jerusalém. A Internacional Cristã, animando a Reconquista da Ibéria, dava início a sua contra-ofensiva. Que, aliás, como se vê, até hoje ainda não parou.

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terça-feira, 24 de maio de 2011

Idade Média - Filosofia Escolástica

Escolástica
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Escolástica (ou Escolasticismo) é uma linha dentro da filosofia medieval, de acentos notadamente cristãos, surgida da necessidade de responder às exigências da fé, ensinada pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade. Por assim dizer, responsável pela unidade de toda a Europa, que comungava da mesma fé. Esta linha vai do começo do século IX até ao fim do século XVI, ou seja, até ao fim da Idade Média. Este pensamento cristão deve o seu nome às artes ensinadas na altura pelos escolásticos nas escolas medievais. Estas artes podiam ser divididas em Trivium (gramática, retórica e dialéctica) e Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). A escolástica resulta essencialmente do aprofundar da filosofia.

A Filosofia que até então possuía traços marcadamente clássicos e helenísticos, sofreu influências da cultura judaica e cristã, a partir do século V, quando pensadores cristãos perceberam a necessidade de aprofundar uma fé que estava amadurecendo, em uma tentativa de harmonizá-la com as exigências do pensamento filosófico. Alguns temas que antes não faziam parte do universo do pensamento grego, tais como: Providência e Revelação Divina e Criação a partir do nada passaram a fazer parte de temáticas filosóficas. A Escolástica possui uma constante de natureza neoplatônica, que conciliava elementos da filosofia de Platão com valores de ordem espiritual, reinterpretadas pelo Ocidente cristão. E mesmo quando Tomás de Aquino introduz elementos da filosofia de Aristóteles no pensamento escolástico, esta constante neoplatônica ainda é presente.
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Era Vargas - Estado Novo

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Era Vargas - Estado Novo e Fascismo

Estado Novo e Fascismo

O Estado Novo foi instaurado no Brasil ao mesmo tempo em que uma onda de transformações varria a Europa, instalando governos autoritários e reforçando a versão de que a democracia liberal estava definitivamente liquidada. Mussolini chegou ao poder na Itália em 1922 e aí implantou o fascismo; Salazar se tornou primeiro-ministro (presidente do Conselho de Ministros) de Portugal em 1932 e inaugurou uma longa ditadura; Hitler foi feito chanceler na Alemanha em 1933 e tornou-se o chefe supremo do nazismo. A guerra civil espanhola, que se estendeu de 1936 a 1939, banhou de sangue a Espanha antes que Franco começasse a governar o país com mão de ferro.

O governo do Estado Novo foi centralizador, ou seja, concentrou no governo federal a tomada de decisões antes partilhada com os estados, e autoritário, ou seja, entregou ao Poder Executivo atribuições anteriormente divididas com o Legislativo. Sua ideologia recuperou práticas políticas autoritárias que pertenciam à tradição brasileira, mas também incorporou outras mais modernas, que faziam da propaganda e da educação instrumentos de adaptação do homem à nova realidade social. Era esse o papel do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), destinado não só a doutrinar, mas a controlar as manifestações do pensamento no país.

A doutrina estadonovista propunha a concentração do poder no Estado, visto como única instituição capaz de garantir a coesão nacional e de realizar o bem comum. Desenvolvia, também, a crença no homem excepcional, portador de virtú, que seria capaz de expressar e construir a nova ordem. Havia muitas semelhanças com a doutrina fascista, e foi a partir dos aspectos comuns que muitas vezes o Estado Novo foi identificado com o fascismo.

Dentre esses pontos comuns, pode-se destacar a valorização da missão histórica da nação representada pelo Estado; o reconhecimento dos direitos individuais, mas apenas daqueles que não entravam em conflito com as necessidades do Estado soberano; a ênfase no significado da elite como corporificação do gênio do povo; a solidariedade entre o capital e o trabalho assegurada pela estrutura corporativa; o antiliberalismo, e o antiparlamentarismo. Ambas as doutrinas apresentavam traços totalizadores, já que seu campo de ação não se atinha somente à ordem política, mas envolvia também outros aspectos da vida social: cultura, religião, filosofia.

Por outro lado, o regime fascista italiano resultou de um movimento organizado que tomou o poder. O partido teve um papel fundamental como propulsor das transformações por que iria passar o novo Estado, era uma entidade que "representava" a vontade da nação, mobilizando intensamente a população e chegando a assumir feições militarizadas. Já o regime de 1937 no Brasil não resultou da tomada do poder por nenhum movimento revolucionário, nem era sustentado por qualquer partido. A mobilização e organização das massas em milícias também era recusada, como o demonstra o caso da Organização Nacional da Juventude, que foi transformada em um programa de educação moral e cívica.

Ainda que haja semelhanças no tocante ao cerceamento da liberade individual, percebe-se assim que tanto do ponto de vista doutrinário como da realidade histórica, o Estado Novo brasileiro não foi a reprodução literal do fascismo italiano.
leia mais em  http://cpdoc.fgv.br

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ação Integralista Brasileira (AIB)

Ação Integralista Brasileira (AIB)

Organização política de âmbito nacional inspirada no fascismo italiano, fundada por Plínio Salgado em 1932.

Jornalista e escritor de renome vinculado à corrente modernista dos verde-amarelos, Plínio Salgado voltou de uma viagem que fez à Itália em 1930, durante a qual teve a oportunidade de entrevistar-se com o líder maior do fascismo, Benito Mussolini, bastante impressionado com o regime vigente naquele país. Fundou então o jornal A Razão, em cujos editoriais formulou de maneira mais acabada suas concepções políticas nacionalistas e antiliberais.

No começo de 1932, Plínio Salgado deu início à articulação entre grupos regionais simpáticos ao fascismo e ao mesmo tempo fundou, no mês de fevereiro, a Sociedade de Estudos Políticos (SEP), reunindo intelectuais de tendências políticas autoritárias. O sucesso dessas iniciativas levou à criação, em outubro daquele ano, da AIB. O Manifesto Integralista, lançado na ocasião, sintetizava o ideário básico da nova organização: defesa do nacionalismo, definido mais sobre bases culturais do que econômicas, e do corporativismo, visto como esteio da organização do Estado e da sociedade; combate aos valores liberais e rejeição do socialismo como modo de organização social.

A AIB apresentava uma estrutura rigidamente hierarquizada, cabendo ao próprio Plínio Salgado, como chefe nacional, a liderança incontestável. Nitidamente influenciada por suas similares européias, a AIB cultivava uma série de símbolos e rituais com os quais buscava afirmar sua identidade, como os uniformes verdes envergados nas manifestações públicas, a letra grega sigma (*) usada como emblema, e a saudação Anauê! empregada por seus militantes. O lema da organização era "Deus, Pátria e Família".

Nos anos que se seguiram à sua fundação, a AIB teve rápido crescimento. Em abril de 1933 realizou seu primeiro desfile público em São Paulo e em fevereiro do ano seguinte reuniu seu I Congresso Nacional em Vitória (ES). Plínio Salgado era auxiliado por um Conselho Nacional, com funções consultivas, e por departamentos nacionais, que funcionavam como ministérios. A AIB possuía, ainda, sua própria milícia armada e uma considerável estrutura de imprensa, composta por diversos jornais de circulação local, duas revistas, um órgão oficial - Monitor Integralista - e um grande órgão de divulgação nacional - A Ofensiva.

O grande número de adesões à AIB fez dela o primeiro partido político de massa organizado nacionalmente no Brasil. Em 1936, o total de seus membros era estimado entre 600 mil e um milhão. A Aliança Nacional Libertadora (ANL), fundada no ano anterior por setores de esquerda, também obteve expressivo crescimento, e conflitos de rua entre militantes das duas organizações se tornaram freqüentes.

Panfleto integralista, 1936. São Paulo (SP). (CPDOC/ OA 254f)
Em maio de 1937, a AIB lançou Plínio Salgado como candidato à eleição presidencial prevista para janeiro do ano seguinte. A eleição, contudo, acabaria não se realizando em virtude do golpe do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937. Plínio Salgado esteve o tempo todo a par das articulações golpistas e lhes deu apoio. O próprio pretexto utilizado por Vargas para golpear a democracia - o Plano Cohen, apresentado como um plano comunista para a tomada do poder - não passava de um documento forjado, de autoria do então capitão Olímpio Mourão Filho, destacado dirigente integralista. Para surpresa dos integralistas, porém, em dezembro de 1937 Vargas decretou o fechamento da AIB, juntamente com todas as demais organizações partidárias do país.

Decepcionados, em maio de 1938 alguns dirigentes integralistas promoveram um levante no Rio de Janeiro para depor o governo, mas foram derrotados sem dificuldade.

Em seguida, Plínio Salgado exilou-se por alguns anos em Portugal. Em 1945, com a redemocratização, voltou ao Brasil. Fundou, então, o Partido de Representação Popular (PRP), no qual tentou reviver algumas das teses integralistas.

segunda-feira, 2 de maio de 2011